FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

PIZZA OU MARTELO?


Está feito!
Os réus do mensalão foram julgados pelo STF, e dos 38 acusados, 25 foram condenados (alguns por mais de um crime), e agora cabe aos juízes atribuir as penas.
Este julgamento vai mesmo mudar o Brasil?
Será que depois disto, os políticos e os governantes vão pensar melhor antes de se aventurar em falcatruas semelhantes?
Para mim, tudo vai depender do que vai acontecer com os condenados a partir de agora...
A nossa suprema corte estabeleceu, com base em provas irrefutáveis, que o mensalão não foi “uma obra de ficção inventada pela oposição” (como afirmava o ex-presidente), mas um esquema que envolveu uma série de delitos cometidos em cadeia, usando indevidamente dinheiro público para subornar a oposição, tornando-a favorável aos projetos do governo.

As ratazanas levaram um susto...Muitos nunca pensaram ser sequer julgados...

E o objetivo era o mais antidemocrático possível: a manutenção continuada do poder por uma mesma facção política. Em outras palavras, “uma ditadura branca” com o aval dos eleitores, prática que está se tornando comum na América Latina.
Felizmente, no Brasil houve a reação e as denúncias veiculadas pela imprensa acharam eco em autoridades responsáveis que não se omitiram.
Podem dizer que a iniciativa de investigar foi movida por motivos político-partidários (apesar de envolver réus de diversos partidos), mas as conclusões finais mostraram que havia fundamento, fossem quais fossem as motivações iniciais!
Mas, agora, serão estabelecidas as penas, de forma individual.
Dentro dos critérios da benevolente justiça brasileira, os que forem sentenciados a menos de 4 anos cumprirão penas alternativas em liberdade...
Se a pena for maior que 4 anos e menor do que 8, o detento terá apenas que dormir no xadrez, ficando livre durante o dia...
Somente recebendo pena superior a 8 anos será trancafiado na cadeia...
E existem diversos critérios para o estabelecimento de penas. Ao que parece, a tendência será adotar os menos rígidos.
Mesmo assim, a soma das penas de alguns dos réus deverá sem dúvida ultrapassar os 8 anos.
Porém (sempre tem um porém), os condenados ainda terão direito a recorrer contra as sentenças, e o STF terá que julgar estes recursos, antes de poder mandar encarcerar os réus!
Apesar de condenados, coloca-los de fato no xadrez é difícil...

Assim, ainda vai levar algum tempo até vermos alguns destes ratos segurando as barras de ferro de uma cela...
Só a partir deste possível evento é que poderemos dizer, sem medo de errar, que a coisa não acabou em pizza!
Em conjunto com a Lei da Ficha Limpa, o efeito deste julgamento pode ser melhor do que as expectativas...
Mas, como estamos num surreal patropi, é melhor aguardar o final da novela, para saber se, desta vez, o pizzaiolo vai ficar a ver navios...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

SANTA BÁRBARA! SÃO JERÔNIMO!


Quando entrei para a escola, aprendi na disciplina ESTUDOS SOCIAIS E NATURAIS que Porto Alegre, sendo no Rio Grande do Sul, ficava numa zona climática de “clima temperado”.
E a classificação terminava por aí, pelo menos para mim. Entretanto, as descrições deste perfil pareciam bem defasadas durante os escaldantes verões porto-alegrenses. Nessas ocasiões, o calor sufocante demais para a latitude e os violentíssimos temporais com extraordinária atividade elétrica, ventos arrasadores e chuva torrencial, onde o granizo era frequente, lembravam mais o perfil de uma região tropical, pelas descrições que constavam nos mesmos livros-textos.

Esta foto, roubada descaradamente do blog da minha querida amiga Sandra (Link aqui), mostra a formação de um temporal sobre Porto Alegre, em 25-fev-2011, ao final da tarde. Pode-se ver parte da iluminação pública já ligada pela escuridão prematura. 
(Foto da autora do blog. )

Hoje, além desta classificação, que tem mais a ver com as latitudes, existem subdivisões mais adequadas ao nosso país, que colocam aquela região como uma área de clima subtropical, no meu entender mais compatível com as suas características reais.
Mas, naquela distante década de 1950, minha família morava em uma casinha de madeira situada numa pequena elevação, numa esquina meio desprotegida do vento, e meu pai cercara o quintal com cinamomos, eu pensava que fosse para amenizar o vento e dar sombra no verão, mas a verdadeira razão disto eu achei  ter descoberto quando vim morar no Rio, onde essas árvores são popularmente conhecidas como “para-raios”.
Meu pai tinha um verdadeiro terror de tempestades, e havia ocasiões em que, aos sinais do início de um temporal, pegava toda a família e saia de casa, íamos para qualquer lugar da cidade, sob um marquise ou outro local coberto, e só voltávamos depois da bonança. Ele receava que a velha casa de madeira desabasse sobre a gente, por força dos ventos ou atingida por algum raio. Bem, ela nunca desabou, a não ser quando foi derrubada anos mais tarde, para a construção de uma casa comercial.

 Os efeitos de um temporal de verão, nas ruas da zona sul de Porto Alegre. (foto do blog da Sandra).

Mas, o temor dos elementos parecia se transmitir para a maioria da família, exceto para mim, que desde pequeno, assistia ao costumeiro ritual “pré-temporal”: espelhos cobertos com panos e toalhas, talheres de aço ou lâminas em geral no fundo das gavetas, orações ressoando e janelas fechadas, tanto os vidros como as venezianas. Tudo para evitar atrair raios!
Lá fora, mesmo que anda fossem 16:00 hs, a escuridão tomava conta de tudo, antecipando o anoitecer...
E, a cada rimbombar, ouvia-se os murmúrios abafados pela casa: - “Santa Bárbara! São Jerônimo!”
Eu ignorava o que tais santidades tinham a ver com as descargas atmosféricas, mas ficava assistindo a tudo sem questionar, já que não tinha argumentos para tirar conclusões próprias.
Mas, quando começava o clarão dos raios, geralmente em meio a cascatas de água, eu sempre me esgueirava para uma janela em algum canto e dava um jeito de abrir uma fresta, para assistir à maravilha dos relâmpagos, iluminando o céu e a escuridão que se formara. Assim, eu me assustava menos com os estrondos que os seguiam, nos pontos de descarga dos raios, às vezes bem próximos da casa. Ficava ali, hipnotizado pela beleza da força da natureza...
Até sentir uma forte pegada e um puxão no braço: - “ Sai daí! Fecha essa janela, guri!”- Uma de minhas irmãs ralhava comigo...
E me privava daquele espetáculo maravilhoso, que eu adorava, inconsciente da noção de qualquer perigo.
Depois, quando tudo passava, às vezes o céu clareava porque ainda havia sol, e eu saía para ver a limpeza que a chuva deixava no quintal, com aqueles veios cheios de uma areia fina que vinha não sei de onde.
As formigas começavam seus trabalhos de reconstrução e as plantas pareciam sorrir, enfeitadas pelos colares feitos de pingos.

Nota:
Segundo o site UOL EDUCAÇÃO:
“Não existe uma única classificação para os climas. A classificação mais utilizada para os tipos de clima do Brasil é baseada no geógrafo Arthur Strahler, que considera a circulação das massas de ar como o fator mais importante para a caracterização climática.
A classificação de Arthur Strahler, adaptada ao Brasil, reconhece cinco regiões climáticas, definidas pela atuação de massas de ar equatorial, tropical e polar.
Basicamente, pode-se dizer que o Brasil tem seis domínios climáticos:
equatorial; tropical; tropical semi-árido; litorâneo; subtropical e tropical de altitude.”

Entretanto, o IBGE, um órgão oficial, apresenta um mapa que divide nosso país em climas zonais: Equatorial; Tropical Zona Equatorial; Tropical Nordeste Oriental; Tropical Brasil Central e Temperado.
E nesta divisão, o Rio Grande do Sul permanece no clima “Temperado”!
Podem conferir em:

E aí, que tal chegarem a um acordo?
Os temporais continuam a cair com toda a fúria na capital gaúcha, como provavelmente veremos neste próximo verão...