FRASE:

FRASE:

"Se deres um peixe a um homem, vais alimenta-lo por um dia; se o ensinares a pescar, vais alimenta-lo a vida toda."

(Lao-Tsé, filósofo chinês do séc. IV a.c.)

quinta-feira, 30 de junho de 2011

MAIS DO QUE APENAS UMA FACHADA...

A Biblioteca Pública de Kansas City, no estado de Missouri, EUA, tem se tornado popular pela sua inclusão nas listas de prédios com fachadas curiosas que rodam pela internet. Mas, é interessante saber que essa biblioteca não se resume apenas a uma fachada criativa.

 Prédio original da Biblioteca Pública de Kansas City, por volta de 1900.

Fundada em 1873, como Biblioteca da Escola Pública de Kansas City; a instituição logo tornou-se uma referência cultural da cidade, não apenas como fonte de consultas, mas também como uma alternativa de lazer para aquela época.


As obras foram selecionadas por uma comissão de notáveis da cidade. Podemos ver, entre outros: Ardil 22 (Joseph Heller), Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Marquez), Farenheit 451 (Ray Bradbury), República (Platão) e Aventuras de Huckleberry Finn (Mark Twain).(Clique p/ ampliar)

Esta é a sede central, onde fica a maior parte do acervo e os escritórios da administração. Contudo, a instituição tem outras dez locações espalhadas pela cidade.
O que mais chama a atenção para a sua sede foi a solução arquitetônica adotada, cercando o terreno com gigantescos "livros", ampliações das lombadas encadernadas das obras originais. 
Detalhe: estes "livros" não estão cobrindo o prédio da biblioteca propriamente dita, mas servem de tapume para o estacionamento de automóveis. 

Esta é a entrada principal da Biblioteca Pública.
(Clique p/ ampliar) 

Tudo começou nos anos 1990, quando a administração percebeu que a locação anterior estava se tornando insuficiente para conter as expansões e modernizações que se faziam necessárias. Assim, foi escolhida uma nova área, nas antigas instalações do First National Bank, na esquina da 10ª Avenida com a Baltimore.
Em 1999, foi feita uma parceria público-privada, encabeçada pelo Associação Comercial, com fundos de fontes municipais, estaduais, federais, privadas e de fundações, inclusive a própria biblioteca. Desta forma, foram levantados os 50 milhões de dólares necessários para a execução do projeto. E já em 2004 a nova sede pôde abrir suas portas ao público.
A biblioteca possuia, até ao ano passado, 2.326.922 de fontes de consulta, entre livros, CDs, DVDs, fitas e filmes. Este número aumenta a cada ano.
Mais de 2.382.951 usuários acessaram informações da biblioteca no ano passado.

Mais adiante, outras obras famosas: O Homem Invisível (H.G. Wells), O Senhor Dos Anéis (J.R.R. Tolkien) e Romeu e Julieta (W. Shakespeare) estão entre elas.
(Clique p/ ampliar)

As instalações dispõem de tecnologia de ponta, salas de conferências, auditórios e salas de projeção, além de um café. 
A fachada é apenas uma espécie de cartão de visitas, uma amostra do que pessoas voltadas para o desenvolvimento são capazes, quando se decidem a fazer algo de bom pela sua comunidade.

Nota : A nossa simpática amiga blogueira Graça Lacerda (Botões de Madrepérola) tem, no seu arquivo, um excelente post sobre a nossa Biblioteca Nacional, ilustrada com diversas fotos. Para ver, clique aqui.

terça-feira, 21 de junho de 2011

FILME: AMA-ME OU ESQUECE-ME

Bem antes de ser a solteirona puritana das comédias com Rock Hudson e Rod Taylor, Doris Day fez boas películas dramáticas. Uma das melhores e talvez a mais importante na sua carreira foi AMA-ME OU ESQUECE-ME (Love Me or Leave Me - EUA - 1955 - 122 min.- cor).
A história se baseia na agitada vida da cantora e atriz americana Ruth Etting (1897-1978).
Este filme da MGM, produzido por Joe Pasternak e dirigido por Charles Vidor (Gilda) mostra Ruth Etting (Doris Day) antes do início da carreira, na década de 1920, onde comia o pão que o diabo amassou como dançarina de aluguel numa gafieira de Chicago, tentando uma chance de mostrar seus dotes como cantora.
Inesperadamente, a sua salvação veio pelas mãos nem tão limpas do gangster Martin Snyder, "o Manco" (James Cagney). Fascinado por Ruth, Snyder  patrocina a sua educação musical e usa seus contatos nas casas noturnas e emissoras de rádio para alavancar a carreira da ambiciosa jovem. 

Tudo pela carreira...Para Ruth (Doris Day), valia até aturar a chatice e grosseria de um gangster como Martin Snyder (James Cagney), que apesar de tudo, era louco por ela, cuidou de sua educação artística e a introduziu na mídia e nos shows!

Apesar dele se mostrar possessivo e às vezes grosseiro, ela acaba aceitando um casamento por interesse com ele, baseada nas suas aspirações profissionais. Snyder empresaria tudo o que ela faz e consegue até mesmo coloca-la no cinema como atriz. É claro que a vida privada do casal não era uma maravilha, e, quando Ruth já tem seu nome conhecido, as brigas se tornam insuportáveis e eles acabam se divorciando.
Mas Snyder, mesmo separado, fica seguindo-a e descobre que ela está tendo um caso com o pianista Myrl Alderman (Cameron Mitchell) que costumava acompanha-la nas músicas e fazer seus arranjos musicais. Louco de ciúme, tenta acabar com o seu rival, sendo preso por isto.

Ruth (Doris Day) com seu pianista e arranjador Alderman (Cameron Mitchell).
 
A atriz Jane Russell queria o papel de Ruth Etting, a MGM pretendia usar Ava Gardner, mas o próprio James Cagney insistiu para que o estúdio trouxesse Doris Day, que era da Warner Brothers, para o papel. Excepcionalmente, pela primeira vez desde que alcançara o estrelato, James Cagney aceitou que seu salário não fosse o maior do elenco, cedendo esta primazia para Doris Day. E ela ficou encantada pela idéia de contracenar com Cagney, já consagrado como ator, além de receber o salário e o tratamento de estrela que nunca tivera na Warner.

O cartaz do filme e a capa do DVD lançado no Brasil. Enquanto na Warner, Doris era apenas mais uma atriz de comédias, a MGM a recebeu com tapete vermelho. Agora, sim, ela era uma estrela!
 
O filme recebeu o Oscar de Melhor História Original, além de ter recebido cinco outras indicações: Melhor ator (James Cagney), Melhor Roteiro, Melhor Canção Original (I'll Never Stop Loving You), Melhor Trilha Sonora e Melhor Gravação de Som.
O score musical do filme apresenta diversas músicas do repertório original de Ruth Etting, interpretadas por Doris Day.
Seria inadequado comparar as gravações originais de Ruth Etting com as feitas por Doris Day, já que essas contaram com recursos de estúdio que não existiam nos anos 20.
Mas, se quiser, clicando sobre o nome da cantora pode ouvir as gravações da música Love Me or Leave Me, com Ruth Etting ou com Doris Day.
Recomendado para os nostálgicos pelos anos 20/30, fãs de Doris Day (como eu) ou de James Cagney. 
O DVD foi lançado em 2005 no Brasil pela...Warner Brothers Home Video!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

SINAIS DOS TEMPOS

A respeito da minha última postagem, PAGANDO MICO, o meu amigo Jair, sempre atento e crítico dos sintomas que surgem, me chamou a atenção para algo que realmente está acontecendo: cada vez mais vemos animais silvestres se aproximando do habitat dos homens! Ou será o contrário?

Na noite de 30-abr-2011, minha cachorrinha Dolly cercou este filhote de jibóia, passeando no meu quintal. Pouco depois, eu a libertei junto ao morro que começa no final da minha rua. (Clique para ampliar)

É aí que entra a clareza de visão do meu amigo: o que na realidade ocorre é uma consequência da ocupação pelo homem de áreas que serviam de habitat e refúgio para espécies silvestres!
Nós é que estamos invadindo o território destes animais e frequentemente, lhes tirando suas fontes de alimentação e abrigo.
Aqui onde moro, apesar de estarmos no centro de áreas bastante povoadas, as sempre presentes cristas de morros, características da geografia local do Rio, por sua configuração acidentada, ainda mantém restos de vegetação, árvores, alguns capões de mato e até nascentes, timidamente escondidas, às vezes só percebidas nas estações mais amenas. 

 Este fio d'água normalmente vem de uma nascente, porém nesta foto aparece engrossado pela água da chuva. Fica a menos de cem metros do meu portão. (clique para ampliar)

E é nessas áeas que esses animaizinhos fazem uma verdadeira ginástica para se manterem e reproduzirem, meio escondidos da presença nem sempre amigável do temível bicho-homem.
Aos poucos, começam a se aventurar, já quase acostumados com os barulhentos e poluidores bípedes que se dizem donos do planeta (citação do Jair).
Além dos urubus, que se encarregam de fazer a limpeza nos restos de macumbas e carcaças de animais, e das maritacas, velhas conhecidas, que vem em grandes bandos de até 30 aves, fazendo sua algazarra característica, tenho notado a presença de gaviões, em uma ocasião recebi a visita de um grande carcará, um filhote de jibóia, descoberto pela minha fiel e barulhenta Dolly, casais de papagaios e os tais miquinhos, cuja aparição não foi a primeira. Já presenciei atravessarem a rua deslizando agarrados nos cabos de energia elétrica, e uma vez um "garotinho" ficou meio encurralado no telhado da minha garagem, meio sem opção de fuga. Coisas de adolescente...
Os gambás também apareciam sempre, até que achei alguns deles mortos, sem dúvida vítimas do veneno proibido mas sempre presente, o  tal "chumbinho" que alguns insistem em usar para matar os ratos que surgem, atraídos pelos detritos e lixo que  os seres humanos deixam acumular nos fundos dos seus quintais. Este maldito veneno, as vezes colocado em restos de comida por pessoas sem critério, matam gatos, gambás e até cães.
Os bichinhos estão perdendo a guerra...Nem o Curupira dá jeito...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

PAGANDO MICOS...

Resolvi isolar uma parte do fundo do meu quintal para tentar começar uma pequena horta, e contratei uma pessoa para me fazer uma cerca de telas com um portão. Ontem, estávamos acertando o encaixe do portão quando ouvimos alguns guinchos agudos seguidos de agitação nos galhos das árvores acima de nós. E sem aviso, desceram por um tronco, aparentemente "discutindo", dois micos, enquanto um terceiro assistia tudo do alto.

 Um dos irriquietos primos do Xipan Zéca, pendurado na árvore sem nenhuma cerimônia!

 Aqui, o malandrinho observa o parceiro, que está em outro galho.

O outro dando uma coçadinha nas costas do maior!

 O Big Boss me observa, enquanto o ritual da coçadinha prossegue...
(Clique nas fotos para ampliar)

Estavam tão empenhados em uma espécie de disputa que nem nos deram a mínima atenção. Um deles chegou a descer totalmente do tronco e ficar no chão, a menos de dois metros da gente. Muito mal acostumados! Isto pode lhes custar caro!
Corri em casa para apanhar a camera, mas, quando voltei, eles já estavam subindo de volta.
Depois, um deles começou a coçar as costas do maior, aparentemente o "Big Boss", que permaneceu o tempo todo em cima, observando tudo.
Dali a pouco, recomeçaram uma correria maluca, passando de árvore para árvore, do cajueiro para o coqueiro, daí para a mangueira e pelo telhado da casinha de ferramentas. Finalmente, pularam para as árvores do terreno vizinho, e sumiram.
Vão com Deus, meus agitados amiguinhos!
Que o Curupira os proteja das pessoas más!
Só espero que se mantenham nas árvores e não inventem de entrar em casa, pois já ouvi histórias!

terça-feira, 14 de junho de 2011

HISTÓRIA: BADER, O CAÇADOR DO IMPOSSÍVEL

Em 1941, durante a II Guerra, sobre o litoral da França, o piloto de um avião de caça Spitfire Mk. V da RAF (Real Força Aérea Inglesa), desgarrado de seu esquadrão, atacou sozinho uma formação de seis caças alemães Messerschmitt Me-109E!
Com a vantagem da surpresa, abateu dois deles, mas ao desviar-se de outros dois, sentiu um impacto e ele julgou ter colidido com um terceiro. O Spitfire teve a cauda decepada, e ele teve que saltar de paraquedas sobre o território ocupado pelos alemães.
Capturado, foi levado para o hospital militar de St. Omer,  na França ocupada, pois apresentava lesões graves. Naquele hospital, um médico alemão que o examinou ficou estupefato ao constatar que ele havia perdido as duas pernas! E mais que isso: ambas estavam cicatrizadas, mostrando que o trauma ocorrera há muito tempo!
Mas, quando a notícia se espalhou, o piloto inglês logo começou a receber visitas dos grandes ases da aviação de caça alemã servindo naquela área!
Todos sabiam quem ele era e queriam ver o piloto inimigo: tratava-se do Wing-Commander (*) Douglas Bader, um dos maiores ases e comandantes de caças daquela fase da guerra, apelidado por seus colegas “tin legs” (pernas de lata)!

 Bader, desembarcando de seu Spitfire V "Dogsbody", em Tangmere, onde comandava três esquadrões . Como wing-commander, tinha o privilégio de usar as iniciais do seu nome como código de chamada do seu avião.

A história de Douglas Bader (báder, não “beider”) é um dos mais fortes exemplos de determinação e superação humana!
Quando cursava a academia militar de Cranwell, apesar de ser um excelente atleta em diversas modalidades esportivas, como críquet, rugby, hockey e boxe, vivia sendo repreendido por fugas e indisciplinas, até que foi ameaçado de desligamento. Aí, ele mudou, e tornou-se mais contido, pois não queria de forma alguma ser excluído.
Foi declarado Pilot-Officer (aspirante) em 1930, como segundo da sua turma, e designado para servir no esquadrão 23 de caças. Lá, logo estava na equipe acrobática do esquadrão, fazendo exibições públicas. Contudo, eram proibidas acrobacias abaixo de 610 metros de altitude. Bader frequentemente desobedecia a essa proibição.
Após uma dessas apresentações, ele e mais dois colegas foram até ao campo de Woodley, visitar o irmão de um deles, mas voavam Bristol Bulldogs, aviões diferentes dos usados nos shows.
Provocado por um jovem presente no local, acabou cedendo e concordando em fazer algumas acrobacias no Bulldog. Numa delas, executou um voo rasante invertido sobre o campo de pouso.
Algo saiu errado, o avião perdeu sustentação, e se precipitou sobre a pista, num grave acidente. Em consequência, o aspirante teve que amputar a princípio uma das pernas, e depois também a outra, a direita acima do joelho, e a esquerda 15 cm abaixo. Após algum tempo, recebeu próteses metálicas, mas mesmo assim, segundo os médicos, deveria andar apoiado numa bengala, depois que aprendesse a andar novamente.
Mas, Bader voltou a mostrar seu espírito rebelde e teimoso e, depois de muito suor e muitos e muitos tombos, conseguiu andar, um tanto desajeitadamente, sobre suas pernas de lata!
Foi desligado do voo e designado para uma função em terra, mas de vez em quando fazia voos clandestinos, mostrando que era capaz de faze-los. Porém, quando isto chegou aos ouvidos de seus superiores, ele acabou passando para o quadro de inativos, definitivamente afastado da RAF!
Impensável admitir como piloto militar um homem sem as duas pernas e ainda por cima indisciplinado! Os aviões eram (e ainda são) pilotados com o corpo inteiro, usando ambos os braços e mãos, pernas e pés. Os pés acionam os pedais do leme, para mudar a direção do avião, e acionam os freios das rodas.
Após algum tempo, conseguiu emprego na distribuidora de combustíveis Shell. Em 1935, casou-se com a jovem Thelma, que o acompanharia até a morte dela, em 1971.
Mas a guerra, que via de regra só traz infortúnio e tragédias, acabou abrindo a alternativa para uma incrível virada na vida de Bader! Ele já andara procurando antigos chefes e colegas com tentativas de reintegração, todas recusadas lacônicamente! A RAF estava de saco cheio daquele jovem inválido e chato, que insistia em querer o impensável!
Porém, a coisa começou a ficar nebulosa no oeste europeu. E em setembro de 1939, a avalanche nazista se abateu sobre a Polônia, ignorando as advertências e acordos firmados com os ingleses e seus aliados.
A Inglaterra logo estava em guerra com a Alemanha, e já estava reunindo equipamentos e treinando homens e mulheres para enfrentar um conflito de grandes proporções!
E uma das carências eram os pilotos! Foi criado até um quadro para pilotos femininas, pois essas mulheres poderiam fazer o translado de aeronaves das fábricas para as unidades aéreas, liberando os homens para pilotar exclusivamente os aviões em combate.
E, no meio deste clima, havia um piloto brevetado, de reconhecida capacidade, que talvez servisse para alguma coisa!
Assim, finalmente, os requerimentos de Bader foram aceitos! Ele se apresentou para testes, foi avaliado como tendo capacidade total e, com o apoio de seus antigos colegas de turma, já em postos intermediários, ele voltou a pilotar caças! Seus pés ainda não eram capazes de acionar os freios, mas os caças daquela época já incorporavam freios manuais no manche.
Numa unidade de atualização reencontrou colegas de turma e de academia, alguns já squadron-leaders (majores), enquanto ele era o aspirante-a-oficial mais velho da RAF!
Em 27 de novembro de 1939, quase exatamente dez anos após o acidente, ele solou novamente um avião! E neste voo, deu novamente um rasante invertido, sendo desesperadamente advertido pelo intrutor-chefe!
Logo, pilotou um bombardeiro monomotor Fairey Battle, familiarizou-se com os instrumentos e comandos de aviões modernos, como hélices de passo variável e trens de pouso escamoteáveis.
Servindo no esquadrão 222 em Duxford, logo num dos primeiros voos se acidentou com um Spitfire, ao tentar decolar com as pás da hélice em ângulo errado.
Isto chegou aos ouvidos de seu comandante Leigh-Mallory, que mesmo assim o promoveu a flight-leader (tenente-aviador).
Em maio de 1940, foi enviado para a Batalha da França, e protegendo as concentrações de tropas em retirada, abateu seu primeiro avião inimigo, um caça Messerschmitt Me-109 sobre Dunquerque.
Depois da queda da França, ele subiu rapidamente de posto, como é usual em tempos de guerra, e ao início da Batalha da Inglaterra, em setembro, ele já comandava um esquadrão.
Os alemães planejavam invadir as Ilhas Britânicas para consolidar seu domínio sobre a Europa Ocidental, mas antes, precisavam destruir a RAF. Para isto, possuiam naquela frente mais de 2.500 aviões de diversos tipos, principalmente caças e bombardeiros. Para se defender, a RAF contava com um número inicial de aprox. 600 caças de primeira linha. 

 Na Batalha da Inglaterra, Bader pilotou o caça Hurricane da Hawker, com bastante sucesso, tornando-se um ás.

Durante a Batalha da Inglaterra, Bader advogou o emprego de concentrações cada vez maiores de caças contra as incursões aéreas alemãs, com decolagem antecipada e maior autonomia decisória para os comandantes das formações aéreas.
Isto era arriscado, pois se os alemães usassem táticas de diversão, poderiam atrair a maioria dos aviões ingleses para um engôdo, atacando com a força principal somente quando os caças ingleses já estivessem quase sem combustível.
Mas, as táticas sugeridas por Bader foram aprovadas pelo comandante dos caças Leigh-Mallory, tiveram bom resultado, e, ao final da batalha, em outubro de 1940, os alemães desistiram de invadir a Inglaterra. A essa altura ele já havia abatido  pessoalmente mais de 20 aviões alemães!
A RAF começou a assumir ações ofensivas, enviando grupos de bombardeiros escoltados por caças através do canal, atingindo alvos na Europa ocupada e atraindo os caças alemães para o combate.
Em março de 1941, Bader fora promovido a wing-commander (tenente-coronel) e, com base em Tangmere, comandava os esquadrões 145, 610 e 616, todos equipados com Spitfires VB (cinco-B), armados com dois canhões de 20 mm e quatro metralhadoras .30.
Todos menos um: Bader voava um modelo VA, sem canhões e com oito metralhadoras .30, como os modelos antigos! Seu avião, como permitido para os comandantes-de-ala, ostentava as suas iniciais DB na lateral, e era identificado pelo codinome “dogsbody”.
E foi numa dessas incursões que Bader, após uma escaramuça, se viu sozinho na retaguarda de seis caças alemães.
Recentemente, surgiram hipóteses de que não houve realmente a colisão, tendo em vista que não há nenhum registro de que algum caça alemão tenha sofrido tal acidente (certamente ficaria muito danificado e também cairia).
Há possibilidades de que ele tenha sido atingido por fogo dos canhões de outro caça inglês, que atacava a mesma esquadrilha alemã e visava um dos Messerschmitts, ou por outro caça alemão, já que antes de saltar, ele conta ter visto um Me-109 passar bem perto, coincidindo com o relato de um piloto alemão, que abateu um Spitfire naquele mesmo dia. O ás alemão Gen. Adolf Galland sempre sustentou que ele foi abatido por um suboficial alemão da mesma esquadrilha que atacou.

Pintura de Frank Wootton, de 1978: Bader alija o canopy do Spitfire para saltar, enquanto um Messerschmitt, supostamente o que o abateu, passa perto!

Após o impacto, ele ficou com as pernas artificiais presas nos pedais, e separou-se delas para poder saltar de paraquedas.
Os alemães recuperaram uma das próteses que caira num campo, desamassaram-na, e ele pode usa-la. Mais tarde, aviões ingleses, a pedido dos alemães, lançaram de paraquedas uma nova prótese para a outra perna.
Mas, em retribuição a esta gentileza, ele fugiu e foi recapturado diversas vezes, sendo finalmente transferido para o castelo-prisão de Colditz, na Alemanha, onde ficou por três anos até ser libertado pelos aliados em 1945.

Sir Douglas Robert Steuart Bader (21/10/1910 - 05/09/1982) 
Foto dos anos 70.
Depois da guerra, ele voltou a trabalhar na Shell, foi voluntário numa organização que dava apoio à pessoas com membros amputados e assumiu posições políticas bastante polêmicas.
No pós-guerra, ele visitou, num campo de concentração inglês, alguns pilotos alemães prisioneiros, inclusive Hans-Ulrich Rüdel, que também voou parte da guerra com uma perna amputada. Mais tarde, ele escreveu o prefácio do livro de Rüdel, TROTZDEM, publicado no Brasil pela editora Flamboyant, com o título PILOTO DE STUKA. E não se abalou mesmo após saber que Rüdel era agora líder neonazista.
Aliás, suas posições ultradireitistas causaram bastante polêmica nos anos posteriores. Bader não era decididamente uma pessoa simpática, nem “politicamente correto”. Entre outras, apoiava o internacionalmente repudiado regime da Rodésia, e era a favor de restrições aos imigrantes no Reino Unido. Sua idéias eram expostas com bastante ênfase, para não dizer agressividade.
Voltou ao emprego na Shell, onde já trabalhara antes, ao mesmo tempo em que era voluntário em uma instituição de apoio a pessoas que passaram por amputação de membros. Por esta atividade, recebeu da Rainha Elizabeth, em 1976 o grau nobiliárquico de Cavaleiro.
Convidado a um encontro na Alemanha com a presença de inúmeros veteranos de guerra da Luftwaffe, ele declarou durante o evento: “Meu Deus, eu não imaginava que haviamos deixado escapar vivos tantos desses bastardos!”
Sua biografia foi publicada em 1954 pelo jornalista Paul Brickhill, com o título REACH FOR THE SKY (publicada no Brasil pela ed. Nova Fronteira, com o título: Bader- O Conquistador do Céu). 
Um filme com o mesmo título original foi foi lançado em 1956 na Inglaterra, com Kenneth Moore no papel de Bader.
Bader faleceu em 5 de setembro de 1982, de ataque cardíaco, aos 72 anos, deixando viúva sua segunda esposa, Joan Murray.
Apesar de ser um exemplo de superação, pela maneira como enfrentou a adversidade, Bader ao que parece, nunca se empenhou em ser uma figura simpática.

(*) O posto de wing-commander (comandante-de-ala) na RAF, é equivalente a tenente-coronel.

terça-feira, 7 de junho de 2011

FILME: 1984

O filme 1984 (Nineteen Eighty-Four -1984 - ING - 113 minutos), produzido pela Virgin Films, foi baseado na assustadora obra do escritor britânico George Orwell (Eric Arthur Blair, 1903-1950), publicada em 1949. Existiu uma outra versão, de 1954, produzida apenas para a TV pela BBC de Londres.
Este filme pode ser colocado no mesmo patamar do clássico Farenheit 451, baseado no livro homônimo de Ray Bradbury.
A direção é de Michael Redford, que também fez o roteiro.
Num mundo futuro (em relação a 1948, quando o livro foi escrito) o poder  mundial  é disputado por três blocos de nações: Eurásia, Lestásia e Oceania.

Culto ao Big Brother: com o poder nas mãos, é possivel enganar a muitos por muito mais tempo!

Em Oceania, com a capital em Londres, impera um regime totalitário,  patrocinado pelo partido INGSOC, populista e paternalista, chefiado por um ditador conhecido como Big Brother (Grande Irmão), e todos os cidadãos são espionados em tempo integral por telas de TV de mão dupla. O estado também introduziu a Novilíngua, um idioma onde algumas palavras antes conhecidas mudam de sentido e novas palavras surgem para expressar as vontades do governo.

Winston (John Hurt): por saber como as coisas eram feitas, não acreditava.

Winston Smith (John Hurt) é um burocrata a serviço do governo, e trabalha no Ministério da Verdade. Sua função é na realidade criar verdades alternativas de acordo com os interesses do partido. Notícias já publicadas e arquivadas são alteradas mudando a história passada, transformando antigos heróis em traidores e atribuindo feitos heróicos aos favorecidos pelo sistema.
Tirar conclusões próprias ou relembrar fatos de memória é considerado "crime de pensamento". Todos devem aceitar os conceitos e as versões dos fatos adotadas pelo partido!
Para dispersar a atenção do povo guerras são travadas praticamente o tempo todo, mas os supostos oponentes mudam a qualquer momento. Aliados passam a ser inimigos sem maiores explicações.
Winston vive atormentado pelo trauma de ter perdido a mãe ainda menino, e, na verdade, não acredita no regime, pois ele próprio participa das adulterações da história. Ele passa a escrever em um diário secreto suas opiniões e discordâncias políticas. 

Julia (Suzanna Hamilton): um oásis no deserto para Winston.
 
No meio disto tudo, acaba conhecendo Julia (Suzanna Hamilton), uma operária com quem ele acaba se envolvendo secretamente, o que é considerado crime pelo regime. E, volta e meia surge a figura enigmática de O'Brien (Richard Burton, em sua última atuação no cinema), um funcionário do partido, que à princípio, parece disposto a ajuda-lo a entender melhor as mudanças impostas pelo regime nos termos da linguagem falada e escrita.
Porém, Julia e Winston acabam descobrindo que O'Brien não é tão inofensivo e que o Big Brother sabe e pode mais do que eles são capazes de imaginar.
Cyril Cusack, o chefe-bombeiro de Farenheit 451 faz o traiçoeiro Charrington, que aluga um cômodo para os encontros amorosos de Winston e Julia.
O filme recebeu  o prêmio Golden Tulip no festival de Instambul, foi classificado como o Melhor Filme de Ficção-Científica no festival Fantasporto, em Porto, Portugal, onde John Hurt recebeu também o título de Melhor Ator Estrangeiro, e adicionalmente o título de Melhor Ator no festival de Valladolid, na Espanha.
Pouco para um filme tão marcante, né?

O'Brien (Richard Burton):"Quantos dedos você vê?" Em Oceania, nem sempre dois mais dois são quatro! O Partido pode querer outra resposta! 
 
A explicação para isto pode ser pelo fato de que, sendo uma clara citação do regime  comunista da U.R.S.S., não deve ter sido visto com bons olhos pelos simpatizantes que vicejavam nos meios artísticos de então, tanto na Europa como nos EUA!
Orwell, que lutou na Guerra Civil da Espanha, integrando uma brigada independente marxista, depois da guerra revelou o que viu e ouviu nas fileiras de suas próprias tropas, e isto parece não ter agradado aos comunistas, que passaram a repudia-lo. Mais tarde, já afastado do partido, chegou a elaborar  para o governo inglês uma lista de simpatizantes comunistas para exclui-los de contratações por órgãos estatais.
As primeiras cenas começaram a rodar no dia 4 de abril de 1984, exatamente a mesma data onde começa o diário de Winston, no livro de Orwell. 
Sonia Brownell, viúva de Orwell, possuia os direitos de filmagem da obra. Pouco antes de sua morte, em 1980, ele liberou a produção do filme, com a condição de que não fosse usado nenhum efeito especial futurístico.
O rosto do Big Brother foi o de Bob Flag, um ator não profissional contratado como extra.
Para o papel de O' Brien, foram cogitados, além de Burton, Paul Scofield e Sean Connery.
A ideia original de Michael Radford era filmar em preto-e-branco, mas a produtora e financiadora Virgin Films se opôs. Assim, a filmagem foi feita usando uma técnica especial para abrandar os tons de cores.
O filme foi dedicado a Richard Burton, que morreu duas semanas antes da estréia.
A trilha sonora foi composta por Dominic Muldowney por solicitação de Radford, mas a produtora Virgin Films que tinha o direito de opinar nos cortes finais, substituiu trechos inteiros da trilha por outros, interpretados pela banda Eurythmics. Contudo o tema principal de Muldowney, o lindíssimo Hino Nacional de Oceania (ouça), permaneceu.
Graças à iniciativa da uma nova distribuidora nacional, finalmente esta e outras películas que estavam no limbo agora estão ao nosso alcance em DVD.

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Divagações finais:
Se eu fosse um bilionário, alugaria diversas salas de cinema, pelo menos uma em cada cidade do país e promoveria uma exibição gratuita do filme 1984 por uma semana, com entrada franca para todos, e um brinde para os espectadores: um exemplar do livro de George Orwell que deu origem ao filme. Sem nenhum comentário, para que cada um tirasse sua própria conclusão.
Na minha proposta, isto poderia ser encarado como uma aula gratuita. Na planilha escolar, nos “objetivos da aula” constaria:

Ao final da aula, o aluno deverá estar apto a:
  1. Entender o significado e os objetivos de uma lavagem cerebral coletiva.
  2. Avaliar de que forma uma entidade que detém o poder de forma totalitária pode reescrever a história de forma favorável aos seus desígnios, tornando heróis ou vilões a quem lhe interessar, favorecendo assim sua continuidade no poder.
  3. Entender como se direciona a atenção e a revolta do povo para vilões externos ou internos escolhidos, deixando de identificar os verdadeiros inimigos.
  4. Saber que a origem do termo “big brother” não foi num reality-show de TV.

sábado, 4 de junho de 2011

MAIS UMA...

Notícia do site do jornal O Globo:

MEC abre sindicância para apurar falha em livro com erros grosseiros de matemática

Publicada em 03/06/2011 às 19h43m
BRASÍLIA - O Ministério da Educação pediu à Controladoria Geral da União (CGU) para abrir sindicância e apurar os responsáveis por erros encontrados numa publicação distribuída pelo MEC para escolas rurais em todo país no final do ano passado. Técnicos do próprio ministério descobriram textos com frases que não terminam, contas aritméticas com resultado errado e ainda outros problemas de revisão em publicação produzida pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad).
Um dos erros mais gritantes está no livro de matemática: lá está escrito:
10 - 7 = 4 !
Foram distribuídos 200 mil exemplares da coleção, que tem 35 volumes e custou R$ 14 milhões.

Mas, afinal, qual o problema?
Para que esses caipiras precisam saber tudo tão certinho? Se alguém tem 10 batatas e tirar 7, pode ter até mais de 4! Depende do tamanho das batatas, sô! Tem batata que vale mais do que a outra!

Diversidade étnico-racial: como vemos nesta tomada da merenda escolar, não há distinção de raça nem de cor!

Diz a mesma notícia que o secretário executivo dos Direitos Humanos, Sr. André Lázaro, pediu demissão nesta sexta-feira. Era ele o chefe do SECAD, quando foi feita a distribuição dos tais livros.
O que é SECAD?
Segundo o portal do MEC:
"A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), criada em julho de 2004, é a secretaria mais nova do Ministério da Educação. Nela estão reunidos temas como alfabetização e educação de jovens e adultos, educação do campo, educação ambiental, educação em direitos humanos, educação escolar indígena, e diversidade étnico-racial, temas antes distribuídos em outras secretarias. O objetivo da Secad é contribuir para a redução das desigualdades educacionais por meio da participação de todos os cidadãos em políticas públicas que assegurem a ampliação do acesso à educação."

Bonito nome, né?
Alguém aqui tem no seu currículo " educação em direitos humanos"?
O que tem a ver "diversidade étnico-racial" com a educação? Tem raças mais burras do que as outras? Deve ser por isto que algumas devem se contentar em aprender errado (oops, inadequado!), pois não tem capacidade para aprender o certo!
Parece que estão mesmo "reduzindo as desigualdades educacionais", tornando a todos ignorantes no mesmo grau!
Eu me pergunto se é mesmo possível tanta incompetência ou se existe algo de intencional em confundir a cabeça dos alunos, acostuma-los a tolerar as coisas erradas e não se preocupar com a qualidade!
De qualquer forma, pelo menos eu fico sabendo o que estão fazendo com os impostos que eu pago!
Ainda bem que a minha máquina do tempo está enguiçada! Assim, não posso ver o futuro do nosso país!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

NO BOTECO: OS CARROS DO FUTURO

Desta vez, o velho não veio aqui para falar do passado, dos velhos tempos, do cheiro da comida da vovó ou dos causos da II Guerra Mundial, mas do futuro, aquele que "a Deus pertence", sobre o qual só podemos tecer conjecturas! Minha velha máquina do tempo anda meio emperrada, e ultimamente, só me permitiu alguns saltinhos de poucos minutos à frente, assim, me vi  quase na iminência de ter que recorrer aos búzios ou às cartas de tarô, artefatos com os quais eu ainda não estou bem familarizado! 
Mas, no meu escritório alternativo, que é essa mesa de boteco, minha salvação é um chopinho, pois nas nuances da sua espuma consigo antever muita coisa, bem mais do que alcança nossa vã filosofia!

Tem coisas que me fazem pensar se estou, como se diz, "viajando na maionese", ou se tem alguém interessado em esconder a verdade, para evitar o pânico!
Eu leio em revistas e vejo documentários na TV sobre desenvolvimentos de projetos para automóveis ditos "futuristas", cheios de inovações tecnológicas, computadores em profusão, sensores de chuva, alarmes de colisão na ré, cameras para retrovisão, e até de visão noturna, pilotos automáticos e sistemas integrados com GPS que, segundo afirmam, um dia permitirão que você passe a ser quase um passageiro de seu próprio carro. Isto porque ele será capaz de traçar seu próprio roteiro ideal para chegar ao destino desejado, desde que tenha um bom sistema integrado de monitoramento que possa atualizar dados sobre engarrafamentos, acidentes ou vias interrompidas ou com mudanças de sentido de tráfego. 

De que adiantará toda a tecnologia embarcada nesses designs avançados, se não houver espaço para rodar nas ruas entupidas?

Além disso, tais veículos serão movidos ou por motores de hidrogênio, totalmente sem poluiçao, ou a baterias elétricas altamente eficientes e facilmente recarregáveis. Embora tenhamos que lembrar que produzir hidrogênio ou energia elétrica envolve processos que também podem gerar poluição, em alguns casos.
Entretanto, eu vejo todos esses projetos sem nenhum entusiasmo! Na realidade, vejo tudo isto com decrença total, não na capacidade da tecnologia para desenvolver todos esses sistemas, mas na viabilidade de sua aplicação num contexto futuro!
Se você mora em uma das megalópoles caóticas como Rio de Janeiro ou S. Paulo, experimente tirar o seu carro da garagem e se aventurar pelas ruas num trajeto considerável, nas chamadas horas do pique (alguns chamam de rush)!
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que a situação está ficando fora de controle! A produção de automóveis alcança índices cada vez mais altos, cada vez surgem mais marcas de montadoras, e os carros antigos descartados nem por sombra contrabalançam a produção que é despejada para as ruas!
A população aumenta de um modo geral, e ao que me parece, com exceção da China e da Índia, ninguém parece disposto a fazer algo sério para tentar conter a níveis razoáveis estas taxas de crescimento demográfico! Eu falei em conter as taxas de crescimento, não o crescimento! Apenas reduzir a razão de um crescimento que parece irreversível!
Então, qual é o futuro do transporte individual neste contexto?
Eu não vejo longe a hora em que o tráfego urbano das grandes metrópoles entrará em colapso! Aliás, este colapso já está ocorrendo só que não de uma forma total, mas em doses homeopáticas, se pode se dizer assim! Diariamente, vemos nos jornais da TV os engarrafamentos localizados, cuja extensão se mede em dezenas e até centenas de quilômetros. Por mais que se use rodízios com base nos números de placas, ou que se incentive o transporte solidário, o número de carros circulando está sempre aumentando!
Eu, da minha mesa de boteco, sem nenhuma formação acadêmica em urbanismo ou sociologia, vejo um beco sem saída logo adiante! O que será que veem os que são do ofício?
Em algum ponto na nossa linha de tempo, a espuma do meu chope me diz que a nossa civilização vai cruzar com um dilema bastante difícil de encarar!
Apesar dos gigantescos interesses envolvidos nessa questão, alguma coisa vai ter que ser feita! As indústrias automotivas terão que encarar um processo de mudança e diversificação de atividade, se quiserem sobreviver e continuar existindo como empresas lucrativas e com a função social de se manter como fonte de emprego para milhões de seres humanos!
É lógico que estas corporações não farão isto por motivos humanitários nem idealistas, mas simplesmente porque do contrário, irão bater numa parede, quando as cidades não puderem mais absorver o número de veículos produzidos, mesmo que passem a ser descartáveis a curto prazo!
Terão que se engajar, para garantir a própria sobrevivência, em projetos urbanísticos de alto impacto e custo que modificarão a aparencia das grandes metrópoles, principalmente em suas áreas centrais! 
E a sua atividade passará a ser produção de componentes e acessórios relacionados a transportes coletivos baseados em conceitos novos, sua otimização e manutenção!

As alternativas para transportar grandes quantidades de pessoas dos centros de distribuição aos centros urbanos poderiam ser metrôs elevados ou subterrâneos.

Também me parece óbvio que apesar da gigantesca extensão deste novo campo de atividade, não haverá lugar para todos, e os menos eficientes serão engolidos pelos que largarem na frente, com propostas mais viáveis e rentáveis!
Imagino os comerciais: 

Transportes Urbanos SAAB: usados nas principais capitais da Europa! 

Sistemas de Metrô HONDA: Agora em S. Paulo, conduzindo você com conforto e rapidez!

As Vias Elevadas da FIAT transportam mais pessoas na América do que a soma de toda a concorrência!

O futuro que eu antevejo é o dos centros urbanos sem os ruídos e a poluição dos motores à explosão, com calçadões, escadas e calçadas rolantes e trens urbanos de grande velocidade levitando sobre trilhos magnéticos, conduzindo centenas de milhares de passageiros diariamente entre as áeas centrais e os centros de distribuição para os bairros periféricos, onde outras unidades levarão os cidadãos até as proximidades de suas casas. E, nesses pontos de distribuição, outros tipos de coletivos, semelhantes aos ônibus, mas acionados por meios não-poluentes, farão a distribuição final!
A  coleta inicial e distribuição final de passageiros poderia ser em ônibus de tração elétrica como este.
O transporte principal nos centros urbanos poderia ser feito tanto por vias subterrâneas como elevadas, deixando o nível do solo para as pessoas, enfim priorizadas! Tráfego de veículos não-coletivos nestas áreas centrais, só caminhões de entregas e viaturas de serviço, como ambulâncias, bombeiros, polícia e um número limitado de táxis.
Em tempo: o título adequado para este post deveria ser: Carros Sem Futuro!
Quem viver verá!
Mais um chopinho, garçon!

(Depois vou pegar um táxi, pois deixei meu carro na garagem!)

BAIRRISMO, NÃO!

Eu tenho que aprender que, neste mundo “blogsférico”, somos avaliados não pelo que somos, mas pelo que escrevemos. Porque a interação com esse mundo virtual se faz através das postagens.
Hoje,me vi surpreendido com comentários que recebi no Post “Os Cariocas...E os Brasileiros”.
Acontece que uma das pessoas que eu mais prezo e admiro me deu um sonoro puxão de orelhas: disse que eu fui indelicado e deselegante e até insinuou algum “bairrismo” de minha parte.
Outra pessoa muito querida também tocou neste assunto, e eu sei bem o justo motivo disto.
Talvez eu não tenha tido a sensibilidade necessária para expor certos assuntos em público, ou talvez certos assuntos fiquem “numa boa” quando numa conversa e soem dúbios quando escritos. 
Se foi dito que fui indelicado e deselegante, terei que aceitar, em função da minha falta de bom senso e sensibilidade ao colocar esse assunto.
Porém, não aceito de forma alguma o rótulo de bairrista!
Naquele post, eu citei uma cena ocorrida na minha cidade natal, há mais de 50 anos, onde houve um exercício de “tolerância zero”. Pois as coisas eram mesmo assim! E nem por isso as coisas eram perfeitas! Poucos sabem disso melhor do que eu!
Depois, eu mostrei outra cena típica e verdadeira, ocorrida no Rio, em época bem mais recente. Nesta, podiamos perceber exatamente o inverso: a “cuca fresca” com a qual o povo da cidade encara algumas mazelas.
Também falei de desobediência às regras.
Mas, acontece que já vivo no Rio há mais tempo do que em qualquer outro lugar, por isso me considero adotado, como tantos outros que circulam nesta megalópole!
Antes, vivi em lugares tão diferentes culturalmente como o interior paulista, dois estados da região nordeste, onde passei 10 anos, e na capital paranaense, além é claro de Porto Alegre, de onde saí com 18 anos!
Neste intervalo, cheguei a morar por dois anos de volta na minha cidade natal, e tive até alguma dificuldade a me radaptar a certas coisas!
Hoje, tenho compadres, comadres e afilhados cariocas autênticos e conversamos livremente sobre estas mazelas da cidade onde moramos.
Agora, se tem uma coisa que eu sempre repudiei, foi esse tal de bairrismo!
Por ter morado em tantos locais diferentes, fiquei conhecendo sotaques, manias, cacoetes, coisas boas e ruins que existem em todo o lugar. Mas, quanto mais se convive com as pessoas, mais se descobre coisas positivas! Me considero um verdadeiro brasileiro, pois estive em contato com os  mais diversos aspectos da realidade deste país!
A acolhida que eu recebi desde que cheguei aqui também acabou fazendo a balança pender bem mais para o lado positivo, em contrapartida à outras coisas!
Mas, se a minha inabilidade na expressão escrita deu esta  impressão tão negativa, achei por bem remover a postagem que provocou este equívoco! Melhor isto do que aborrecer pessoas a quem eu considero!
Peço desculpas a todos os que comentaram, pois os comentários também foram removidos!